UMA CARTOGRAFIA DO CORPO EM PERFORMANCE DO CANTADOR (REPENTISTA) DE VIOLA: VOZES, CENÁRIOS E IMAGENS DIALOGANDO.

Marcelo Vieira Nóbrega

Resumo


Este trabalho cartografa - a partir das concepções de oralidade, corpo, voz e cenário - a performance do sujeito social cantador de viola, bem como todos os aspectos imersos e interrelacionados inerentes ao ato. Para as concepções de corpo buscou-se base teórica em (FOUCAULT, 1979; 2000; 2003; 2006); (RICOEUR, 1988). Por sua vez, para as interrelações entre corpo, voz, cenários e, com efeito, performance nos fundamentamos em (ZUMTHOR, 2005, 2007 e 2010). Por sua vez, os conceitos de intericonicidade e suas relações com o imagético pertencem (COURTINE, 2013). Pretende-se discutir que a oralidade não se resume meramente à ação da voz, segundo Zumthor. É uma expansão do corpo. Implica tudo o que em nós se endereça ao outro: chama-se de o plus do corpo: no caso da cantoria enquadram-se gestos, posição de pegar a viola, olhar, maneios do rosto, desvios de olhares antes, durante e depois do ato performático. Tanto tais elementos são fundamentais na vocalização que o próprio Zumthor propõe se substituir a expressão estrutura vocal por estrutura corporal, já que o corpo media a poeticidade; seus gestos a denunciam, integram-na.


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Referências


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