LION – UMA JORNADA (PEDAGÓGICA) PARA CASA: ALGUNS ATRAVESSAMENTOS

José Raimundo Rodrigues, Gabriel Silva Nascimento, ana karyne furley, Hiran Pinel, Lucyene Matos da Costa Vieira Machado

Resumo


 Este texto tece reflexões sobre possíveis atravessamentos provocados pelo filme “Lion – uma jornada para casa” (2016, direção de Garth Davis) aos olhares de concluintes do curso de Pedagogia de uma faculdade particular de Vitória – ES. Desta forma, os temas pedagógicos são retomados a partir de uma perspectiva que considera o cinema como espaço-tempo que produz experiência, considerando o filme e o espectador como sujeitos atuantes e envolvidos pela magia da grande tela. A metodologia usada consistiu na participação de uma exibição comercial do filme seguida de debate em sala de aula. Considera-se, pois que, “Lion” pode propor uma jornada pedagógica e contribuir para que os estudantes de Pedagogia façam aproximações entre as diversas disciplinas da licenciatura e a saga vivida por Saroo.

 


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Referências


Quantos docentes no convívio diário com essas infâncias/adolescências percebem que o problema é mais profundo, que lutam por sobreviver, que se debatem pelo primeiro dever humano: viver carregando vidas/corpos tão precarizados. Que carregam indagações seríssimas sobre esse mal-viver. Quantos docentes/educadores(as) estão superando dicotomias e percebem que os(as) educandos(as) vão à escola à espera de alguém que os ajude a interpretar seu viver, sua condição de fora de lugar, à procura de ser tratados como humanos. De alguém que os ajude a saber-se lutando por ser humanos. (ARROYO, 2014, p. 255-256)

Construir currículos que garantam o direito dos(as) alunos(as) pobres a entenderem sua condição de pobreza não é tarefa simples, uma vez que os conhecimentos dos currículos continuam cultuando um conhecimento abstrato e conceitual que ignora, sobretudo, os sujeitos sociais e suas experiências. Relacionar currículo e pobreza exigirá aproximar os conhecimentos daquele com as experiências sociais da pobreza, com os sujeitos individuais e coletivos que as vivenciam; demandará colocar em diálogo suas indagações sobre a pobreza, suas causas, sua produção histórica com as indagações históricas que os conhecimentos dos currículos condensam. (ARROYO, 2014, p. 20)

Quando a criança entra na escola, ela passa a viver sob outros contratos, estabelece outras relações, submete-se a outras regras e convive a partir do que já construiu em sua vida afetiva. Reconhecer emoções como parte do ato de aprender e identificar a reciprocidade entre afetividade e inteligência como um agente interativo á atividade de construir conhecimento, é essencial para que nós educadores possamos planejar e administrar uma ação verdadeiramente educativa (PAROLIN, 2007, p. 74).

“Na arte fílmica, o espectador não só apreende e entende as experiências dos outros como, de uma maneira reflexiva, nota e percebe a sua própria percepção e compreensão” (BUENO, 2015, p. 26).

A palavra experiência vem do latim experiri, provar. [...] Em grego há numerosos derivados dessa raiz que marca a travessia, o percurso, a passagem. [...] o sujeito da experiência tem algo desse ser fascinante que se expõe atravessando um espaço indeterminado e perigoso, pondo-se nele à prova e buscando nele sua oportunidade, sua ocasião. A palavra experiência tem o ex de exterior, do estrangeiro, do exílio, do estranho e também o ex da existência. (LARROSA, 2004, p. 161).

[...] na primeira alternativa as pessoas que trabalham em educação são concebidas como sujeitos técnicos que aplicam com maior ou menor eficácia as diversas tecnologias pedagógicas produzidas pelos cientistas, pelos técnicos e pelos especialistas, na segunda alternativa estas mesmas pessoas aparece como sujeitos críticos que, armados de distintas estratégias reflexivas, se comprometem, com maior ou menor êxito, com práticas educativas concebidas na maioria das vezes sob uma perspectiva política. (BONDÍA, 2002, p. 20).

Para Merleau-Ponty, a percepção pode ser considerada como

o que nos é dado é um caminho, uma experiência que esclarece a si própria, que se retifica e prossegue o diálogo consigo mesma e com o outro. Portanto, o que nos arranca da dispersão dos instantes não é uma razão acabada, é – como se disse sempre – uma luz natural, nossa abertura a alguma coisa. (2011, p. 56).


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