SER-PROFESSOR DE CLASSES HOSPITALARES NO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: RELATOS A PARTIR DE UM CURSO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

ana karyne Loureiro Furley, Hiran Pinel

Resumo


RESUMO

 Este artigo objetiva descrever os desafios de ser-professor das classes hospitalares (CHs) no Estado do Espírito Santo a partir de relatos descritos em um curso de extensão universitária realizado no ano de 2018, pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES/PROEX). Trata-se de um estudo fenomenológico, onde a leitura do material apresentado pelos cursistas, fundamentados em Rodrigues (2012) e no método fenomenológico de investigação proposto por Forghieri (2001), (des)velou a fragilidade do ser-professor de classes hospitalares diante de um processo subjetivado pela falta de investimentos em políticas públicas e investimentos que deveriam ser assegurados pelo Estado.

Palavras-chave: Classes hospitalares, ser-professor, educação inclusiva, direitos.

 

 

 


Texto completo:

PDF

Referências


Como a SEDU não disponibilizava os professores necessários para o seu pleno funcionamento, foi necessário recorrer ao Diretor do HINSG, Dr. Nélio Almeida dos Santos que, (co)movido com a situação, remanejou a servidora Silvana Alves Teixeira, que possui formação em Pedagogia, para dar início ao funcionamento da classe (TRUGILHO, 2003, p. 93).

A extensão universitária é a articulação do conhecimento científico advindo do ensino e da pesquisa com as necessidades da comunidade onde a universidade se insere, interagindo e transformando a realidade social (Pró-Reitoria de Extensão/UFES).

[...] infelizmente nem todos os professores que são designados para lá se adaptam, antes a Secretaria de Educação (SEDU) especificava em seu edital o que era necessário para ocupar essas vagas, contudo, hoje não. Os mesmos professores da escola regular são os mesmos que são convocados para lá (CURSISTAS, GRUPO1).

Por trabalhar no ambiente hospitalar, é inevitável conviver com a morte. Hoje, quero falar de outro tipo de morte- a morte em vida-, talvez seja a mais ferina, visto que os órgãos vitais funcionam, mas a esperança já chegou ao fim. Como é difíci olhar para uma criança/adolescente e enxergar a morte nos olhos dela. Fico comovido por uma profunda sensação de impotência e, ao mesmo tempo, com a responsabilidade de ser, por meio de alguma atividade, palavra ou brincadeira, o sopro de vida que ela precisa. A morte em vida, que me refiro, é o primeiro sintoma da “morte da morte”. A redundância proposital e de fácil entendimento é, para mostrar que a morte se mostra de várias formas... A morte pode acontecer no mesmo ser por várias vezes: morte de expectativas, dos sonhos (acredito que o sofrimento mate um pouco do amor). Parece forte e pesada a minha fala? A morte em vida, como nos relatou Pe. Leo (Canção Nova), a cometido por câncer, nos tira a dignidade. “A dor tira a dignidade do ser”. Como foi difícil superar a morte de alguns pacientes-alunos. Saber que, num dado momento, tudo que elas tinham era a dor e a certeza da partida (CURSISTA 1).

A necessidade da formação específica “grita por socorro”, dada à importância do papel do pedagogo dentro do hospital. Ele vai além do mediador de conteúdos curriculares, ele auxilia, estimula o aumento da autoestima e da autoconfiança do professor, alunos, pais do hospitalizado. Ele de forma concreta, trabalhando com as possibilidades e não com as limitações das pessoas envolvidas nesse ambiente hospitalizarem possibilita e reaviva o simples ato de sonhar. Este profissional vivência sensações e emoções de forma intensa e lida com elas na medida em que auxilia a todos da melhor forma possível, no convívio com a doença e o ambiente hospitalar (CURSISTAS, GRUPO2).


Apontamentos

  • Não há apontamentos.