A LINGUAGEM E AS FORMAS DE APROPRIAÇÃO CONTEMPORÂNEA DAS TECNOLOGIAS

Aureo Guilherme Mendonça

Resumo


Para analisarmos o tecido rugoso do capitalismo tardio nada melhor do que penetrarmos no espaço rizomático da cibercultura e buscarmos depreender as formas específicas e/ou renovadas de uma linguagem que sinaliza para uma possível autonomia de sentido. Nossa pretensão é realizar um estudo ensaístico partindo de três referências básicas: Cassirer e a filosofia das formas simbólicas, Jacques Rancière e suas políticas da escrita e Pierre Lévy com as tecnologias da inteligência. Ao fim esperamos ter obtido como resultado o levantamento de algumas questões que irão nos orientar em pesquisa que pretendemos desenvolver até o final do próximo ano.

 


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Referências


Assim, a linguagem torna-se um instrumento espiritual fundamental, graças ao qual realizamos a passagem do mundo das meras sensações para o mundo da intuição e da representação. (CASSIRER, 2001, p. 34)

A escrita é política porque traça, e significa, uma re-divisão entre as posições dos corpos, sejam eles quais forem, e o poder da palavra é soberana, porque opera uma re-divisão entre a ordem do discurso e a das condições. (RANCIÈRE, 1995, p. 8)

Por desentendimento entenderemos um tipo de situação de palavra: aquela em que um dos interlocutores ao mesmo tempo entende e não entende o que diz o outro. (RANCIÈRE, 1996, p. 11)

A partilha democrática do sensível faz do trabalhador um ser duplo. Ela tira o artesão do “seu” lugar, o espaço doméstico do trabalho, e lhe dá o “tempo” de estar no espaço das discussões públicas e na identidade do cidadão deliberante. (RANCIÉRE, 2009, p. 65)

A internet põe as pessoas em contato numa ágora pública, para expressar suas inquietações e partilhar suas esperanças. É por isso que o controle dessa ágora pública pelo povo talvez seja a questão política mais fundamental suscitada pelo seu desenvolvimento. (CASTELLS, 2003, p. 135)

A rede hipertextual instaura-se como um modelo de conexão generalizada e, neste sentido, flanar numa cidade ou navegar por hipertextos evoca um mesmo processo: uma relação descentralizada e rizomática com o espaço. (LEMOS, 2010, p. 125)

É mais difícil, mas também mais útil apreender o real que está nascendo, torná-lo autoconsciente, acompanhar e guiar seu movimento de forma que venham à tona suas potencialidades mais positivas. (LÈVY, 1993, p. 119)

A escola surge ao mesmo tempo que a escrita; sua função ontológica é precisamente a de realizar a fusão intima de objetos e de sujeitos que permitirá o exercício de uma outra versão da “racionalidade”. (LÈVY, 1993, p. 162)


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