QUAIS CORPOS IMPORTAM? NOTAS SOBRE CIDADANIA E A CONDIÇÃO PÓS-HUMANA: O CASO SOPHIA
Resumo
Este texto, inspirado no caso da robô Sophia, problematiza como a noção de pós-humano representa a construção do corpo como parte de um circuito integrado de informação e matéria. Criada pela empresa chinesa Hanson Robotics, Sophia recebeu o título de cidadã da Arábia Saudita o que causou várias manifestações contrárias a esta concessão para uma mulher robô enquanto tantas outras mulheres são desprovidas de reconhecimento como cidadãs naquele país. Investigar as questões sociotécnicas que emergem com o pós-humano na contemporaneidade nos convida a refletir sobre as diferentes formas com as quais os produtos culturais de nosso tempo oferecem possibilidades de produzir novos sentidos de nossa própria história. Dessa forma, buscamos (re)pensar a relação entre humanos e máquinas em suas articulações com questões ligadas à cidadania, direitos e deveres. Analisamos também os limites e as tensões sociais engendrados pelo advento do pós-humano, este entendido também como desconstrução das certezas ontológicas e metafísicas tão fortemente associadas a tradicionais categorias, geralmente dicotômicas, como por exemplo, as de subjetividade e objetividade.
Texto completo:
PDFReferências
BRUNO, F. Membranas e Interfaces. In: NÍZIA, V. et al. (Orgs.). Que corpo é Esse? Rio de Janeiro: Mauad, 1999, 98-113.
BUTLER, J. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.
CASTELLS, M. Redes de indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Tradução de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
COUTO JUNIOR, D. R. Marcas da abjeção expressas em conversas sobre heteronormatividade com jovens no Facebook: em defesa de uma pedagogia queer. 2017. 290 f. Tese (Doutorado em Educação), Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O Anti-édipo. 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2011.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs (v. 1) São Paulo: Editora 34, 2012.
DIAS, A. B. O Brasil, educação e armadilhas da inclusão digital. In: LIMA, M. C.; ANDRADE, T. N. (Orgs.). Desafios da inclusão digital: teoria, educação e políticas públicas. São Paulo: Hucitec – Facepe, 2012, p. 106-131.
FELINTO, E.; SANTAELLA, L. O explorador de abismos: Vilém Flusser e o pós-humano. São Paulo: Paulus, 2012.
GARCÍA CANCLINI, N. Diferentes, desiguais e desconectados: mapas da interculturalidade. 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2007.
GARCÍA CANCLINI, N. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. 4. Ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1999.
GUATTARI, F. Da produção de subjetividade. In: PARENTE, André. Imagem máquina – a era das tecnologias virtuais. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1999.
GUATTARI, F. (2012). Caosmose. 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2012.
HARAWAY, D.; KUNZRU, H.; TADEU, T. Antropologia do ciborgue: as vertigens do pós-humano. 2. Ed. Org e trad. Tomaz Tadeu. Belo horizonte: Autêntica Editora, 2009.
HUNT, L. A invenção dos direitos humanos: uma história. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
JOBIM e SOUZA, S. O olho e a câmera: desafios para a educação na época da interatividade virtual. Revista Advir, Rio de Janeiro, n. 15, p. 75-81, set. 2002.
LEMOS, A. Os sentidos da tecnologia: cibercultura e ciberdemocracia. In: LEMOS, A.; LÉVY, P. O futuro da internet: em direção a uma ciberdemocracia planetária. São Paulo: Paulus, 2010, p. 21-31.
LEMOS, A. Cidade-ciborgue: a cidade na cibercultura. Galáxia, São Paulo, n. 8, p. 129-148, out. 2004.
LEMOS, A.; LÉVY, P. O futuro da internet: em direção a uma ciberdemocracia planetária. São Paulo: Paulus, 2010.
MARSHALL, T. H. Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar, 1967.
PARENTE, A. Simpósio 1 — tecnologias da informação e da comunicação e modos de subjetivação. A comunicação como nova dimensão da produção de subjetividade. In: GUARESCHI, N. (Org). Estratégias de invenção do presente: a psicologia social no contemporâneo. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008, p. 43-53.
SANTAELLA, L. Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano. Revista FAMECOS, Porto alegre, n. 22, p. 23-32, dez. 2003.
SANTAELLA, L. Corpo e Comunicação: sintonia da cultura. São Paulo: Paulus, 2004.
SANTOS, R. Formação de Formadores e Educação Superior na cibercultura: itinerâncias de Grupos de Pesquisa no Facebook. 2015. 183 f. Tese de Doutorado em Educação – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
SOUZA, J. A construção social da subcidadania: para uma sociologia política da modernidade periférica. 2. Ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2012.
SOUZA, J. A ralé brasileira: quem é e como vive. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2009.
VELLOSO, L. Traduções e inovações nas escolas: entre máquinas de ensinar e netbooks. Curitiba: CRV, 2017.
VIVEIROS DE CASTRO, E. Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós-estrutural. 1.ed. São Paulo: Cosac Naif, 2015.
Apontamentos
- Não há apontamentos.