O AMBIENTE HOSPITALAR COMO ESPAÇO-TEMPO DE CRIATIVIDADE: UM ESTUDO FENOMENOLÓGICO- EXISTENCIAL SOBRE OS MODOS DE SER DE UMA CRIANÇA CEGA
Resumo
Resumo: Este ensaio objetiva a descrever compreensivamente uma prática educativa desenvolvida pelos autores junto a uma criança de seis anos de idade, autonomeado “Naruto”, que possui um complexo e raro quadro clínico denominado craniofaringioma, que o tornou cego dentro do leito hospitalar de um hospital infantil público. O estudo é de cunho fenomenológico (FORGHIERI, 2014; PINEL, 2015; AUGRAS, 1997; RIBEIRO, 2011). A reflexão fenomenológica vai em direção ao “mundo da vida”, ao mundo da vivência cotidiana, no qual todos nós vivemos como pontua (FORGHIERI, 2014). Recorremos às perspectivas teóricas de Paulo Freire (1921-1997), PINEL (2015), a fim de analisar os “modos de ser” do paciente aluno diante da influência da ludicidade/criatividade, pois a fenomenologia é uma teoria para o mundo externo, que mira o outro, que não está encerrada em si mesma. A produção dos dados se deu a partir da utilização de um brinquedo capaz de proporcionar ao paciente-aluno a coragem de criar, permitindo o desvelamento dos seus protestos e revelando suas dúvidas. Os resultados apontam que o uso de uma prática educativa a partir do brinquedo se torna um recurso de relevância fundamental na construção do conhecimento do educando, contribuindo para interação social do paciente-aluno internado e fortalecendo as relações interpessoais entre ele e o outro. A ludicidade/criatividade dentro do leito hospitalar se destaca como de vital relevância no processo de ensino/aprendizagem do paciente-aluno enquanto ser humano, um ser no mundo que existe para si e para o mundo, pois não se trata só de um momento de lazer, mas ao mesmo tempo, uma possibilidade para a criança externar seu conhecimento, que será sentido e vivido em sua vida futura.
Palavras-chave: Ludicidade. Criatividade. Hospital. Pesquisa fenomenológica.
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PDFReferências
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