FUNDAMENTALISMO LINGUÍSTICO NA PROPOSTA DA LINGUAGEM INCLUSIVA
Resumo
Este ensaio propõe uma reflexão sobre as premissas que fundamentam a proposta da linguagem inclusiva (neutra): o uso do masculino-generalizador e ausência de pronomes não-binários na língua promoveriam o sexismo (masculinismo). A abordagem teórica mobiliza brevemente conceitos da Filosofia da Linguagem (PLATÃO, 1988; WITTGENSTEIN, 2000), da Linguística (SAUSSURE, 2006; CÂMARA JR., 2002; 2004) e dos Estudos Discursivos (PÊCHEUX, 1995; 1997), entre outros. Sugere-se que o signo linguístico não mantém relação natural ou racional com seu referente, bem como a propriedade de sentido do processo enunciativo/discursivo não emana das palavras em si, mas do contexto e das intenções discursivas dadas pelos interlocutores. Portanto, não parecem plausíveis ou linguisticamente justificáveis as premissas do movimento da linguagem inclusiva, que revela uma visão fundamentalista da língua.
Texto completo:
PDFReferências
ARRIVAL. Direção de Denis Villeneuve. Los Angeles: Paramount Pictures, 2016. 1 DVD (116min.).
CÂMARA JR., J. M. Problemas de Linguística Descritiva. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
______. Estrutura da Língua Portuguesa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
CARROL, J. B.; LEVINSON, S. C.; LEE, P. (eds.). Language, thought, and reality: selected writings of Benjamin Lee Whorf. 2. ed. Massachusetts: the MIT Press, 2012.
FISCHER, A. Manual prático de linguagem inclusiva: uma rápida reflexão, 12 técnicas básicas e outras estratégias semânticas. SP: Tecidas, 2020. Disponível em: Acesso em abril de 2021.
GORDON, Peter. Numerical cognition without words: evidence from Amazonia. Science. New York, v. 306, n. 5695, p. 496-499, October 2004.
GOVERNO do estado do Rio Grande do Sul. Manual para o uso não sexista da linguagem: o que bem se diz bem se entende. Secretaria de Políticas para as Mulheres, 2014. Disponível em: Acesso em abril de 2021.
IFAL. Manual de linguagem inclusiva para editais de concurso público (seleção pública) do IFAL. Disponível em: Acesso em abril de 2021.
MALOTKI, E. Hopi time: a linguistic analysis of the temporal concepts in the Hopi language. Berlin: De Gruyter Mouton, 2011.
ORWELL, George. 1984. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução: Eni Pulcinelli Orlandi et al., 2. ed. Campinas: Unicamp, 1995.
______. Análise automática do discurso (AAD-69). In: GADET, F; Hak, T (Orgs). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Pecheux. 3. ed. Campinas: UNICAMP, 1997.
PINKER, Steven. O instinto da linguagem: como a mente cria a linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
PLATÃO. Teeteto-Crátilo. Tradução: Carlos Alberto Nunes. Belém: UFPA, 1988.
RODRIGUES, C. Absence of evidence is not evidence of absence. Diadorim. Rio de Janeiro, v. 19, 2017, p. 305-324.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de linguística geral. Tradução: Antônio Chelini, José Paulo Paes, Izidoro Blikstein. 27. ed. SP: Cultrix, 2006.
WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. Tradução: José Carlos Bruni. SP: Nova Cultural, 2000.
Apontamentos
- Não há apontamentos.