A IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS INCLUSIVAS: REFLEXÕES SOBRE O ESTAR-AUSENTE DO ESPAÇO ESCOLAR
Resumo
Esse artigo objetiva refletir o processo das práticas pedagógicas a partir da relação professor e aluno sob um foco fenomenológico-existencial, centrando-se em um pequeno recorte de um dos capítulos da dissertação de Furley (2019) no qual relata a didática inclusiva da professora da classe hospitalar, denominada pela pesquisadora como ÁGUA realizada no espaço da brinquedoteca hospitalar da ACACCI. Dialoga-se essa prática a partir do estudo do filme chinês “Nenhum a menos”, vencedor do Leão de Ouro de melhor filme do Festival Internacional de Cinema de Veneza de 1999 (1998, direção de Yimou Zhang) com a personagem fílmica chamada Wei que é uma garota de 13 anos contratada para ser uma professora substituta. Trata-se aqui-agora de um estudo fenomenológico, onde a leitura do material apresentado, fundamentado em Furley (2019), Pinel (2015), Merleau-Ponty (1999), Axline (1972) no qual permite ao leitor compreender que o ser-criança se concretiza no mundo pela corporeidade, experiência e percepção vividas e sentidas em uma realidade que nos questiona sobre os sentidos de existência em meio à fugacidade da vida, dentre elas o estar-ausente do espaço escolar. Ausência esta vivida pelo tratamento oncológico, que nos remete a ausência sentida mundialmente hoje, pela pandemia da covid 19. Associou-se à assistência envolvida e distanciada da película, conduzindo a autora a tecer reflexões sobre a temática apresentada, bem como descrever o enfrentamento de ÁGUA e Wei em um processo subjetivado no qual as professoras estão expostas a invisibilidade do Estado, pontuando por vezes, a semelhança com as escolas brasileiras. Nesse caso, apontamentos possíveis nos revelam a busca em assegurar direitos por uma inclusão numa perspectiva voltada, de fato, a partir da não exclusão.
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os, enfrenta-os, aprende a controlá-los, ou os esquece. Quando ela atinge certa estabilidade emocional, percebe sua capacidade para se realizar como individuo pensar por si mesma, tomar suas próprias decisões, torna-se psicologicamente mais madura e, assim sendo, tornar-se pessoa (p.13).
Mas é aqui que é preciso se calar, pois apenas o herói vive até o fim sua relação com os homens e com o mundo, e não convém que um outro fale em seu nome. ”Teu filho está preso no incêndio, tu o salvarás... Se há um obstáculo, venderias teu braço por um auxilio. Tu habitas em teu próprio ato. Teu ato é tu... Tu te transformas...Tua significação se mostra , ofuscante. Este é teu dever , é tua raiva, é teu amor , é tua fidelidade, é tua invenção... O homem é só um laço de relações ,apenas as relações contam para o homem.” ( MERLEAU PONTY, 1999, p.612).
‘“O que é que pode ser feito, se é que há alguma coisa que se pode fazer, para ajudá-las a ser ajudarem?” (AXLINE, 1972, p.7).
Nessa tarde, observei que o saber não está indissociado no ambiente da brinquedoteca hospitalar. É impressionante como a escola, os materiais escolares e os modos de ser aluno aparecem repetitivamente no desvelar das brincadeiras na brinquedoteca hospitalar da ACACCI. A professora ÁGUA percebia isso, seus olhos tinham um brilho diferente, mas ela não brilhava sozinha, seus alunos seguravam em suas mãos, um de cada lado e a conduziam ao melhor caminho para uma didática fenomenológica existencial, que acontecia ali diante de meus olhos. Se colocar no lugar do outro é, às vezes, se permitir criar novas possibilidades a fim de que as experiências dolorosas possam ser (re)significadas (FURLEY, 2019, p.132)
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