BABEL DE MUROS, BABEL DE PONTES
Resumo
São apenas nove versículos bíblicos que fundam a parte documental do mito de Babel, possivelmente nascido do desejo passado (e imorredouro) de explicar a multiplicidade humana, especialmente enquanto produtora e produto de atrito, ou “desentendimento”. Constantemente atualizado, o mito babélico revive na Arte, bem como na Sociologia, Antropologia, Psicologia, Geografia, História — para citar apenas alguns — trazendo em si o desafio da alteridade, da incompreensão, do pertencimento e/ou sua ausência. Naturalmente, tratando-se de um dilema fundamentalmente linguístico, é a Literatura quem mais abraçará este desafio, enquanto tema, enquanto forma, enquanto tradução. Este trabalho explora a imagem da torre eternamente inacabada em duas obras principais: Tambour-Babel, de Ernest Pépin, e Babel prise deux (ou Nous avons tous découvert l’Amérique) de Francine Noël; mas a torre habita muito mais do que ambos os títulos, perpassando todas as páginas dos respectivos romances, bem como dos grupos neles representados, em suas híbridas e complexas experiências quotidianas.
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PDFReferências
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