SER CRIANÇA COM CÂNCER NAS BRINQUEDOTECAS HOSPITALARES: O (DES)VELAR DO CORPO E DO SENTIDO DA VIDA

ana karyne Loureiro Furley, Hiran Pinel

Resumo


O presente artigo apresenta reflexões acerca do projeto de doutoramento em andamento, do qual tem como objetivo  a descrição compreensiva de “ o que é e como é ser sendo criança com câncer nas brinquedotecas hospitalares: o (des) velar do corpo e do sentido da vida”; tal projeto inspira-se à pesquisa de mestrado concluída em 2019 que em suas considerações finais apontava para uma necessidade de ulteriores desdobramentos. Desde uma perspectiva fenomenológica, considerando primordialmente obras de Merleau-Ponty, em diálogo com elementos da logoterapia de Viktor Frankl, deseja-se propor uma reflexão sobre como crianças que experienciam o adoecimento oncológico des-velam no ato de brincar a sua condição de pertença ao mundo por meio do corpo e como, público alvo da educação especial, por meio deste corpo adoecido, procuram dar um sentido à vida que perpassa também o mundo da escola. O mundo só pode ser conhecido por esse corpo que, atingido diretamente em sua realidade motriz, na maioria dos casos, torna-se lócus da ressignificação da própria existência. Trata-se, pois, de uma pesquisa qualitativa que se servirá da ludoterapia para observação da realidade manifesta nas brinquedotecas hospitalares. De antemão, pontuamos a relevância deste, visto que nos permite um olhar a partir dessas crianças. Percepções sobre o próprio corpo e o sentido da vida que, se lhes irrompe desde o adoecimento/tratamento oncológico, como pessoas capazes de realizarem a aposta no sentido da vida: ser-sendo no mundo, pessoas logoviventes.


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Referências


“o corpo próprio está no mundo assim como o coração no organismo; ele mantém o espetáculo visível continuamente em vida, anima-o e alimenta-o interiormente, forma com ele um sistema” (MERLEAU-PONTY, 1999, p. 273).

“ser vivente num emaranhado de emoções, experimenta fortemente sua insuficiência” (MERLEAU- PONTY, 1984, p.79),

um otimismo trágico” que tendo em vista o potencial humano sempre permitirá: “1. transformar o sofrimento numa conquista, numa realização humana; 2. extrair da culpa a oportunidade de mudar a si mesmo para melhor; 3.fazer da vida um incentivo para realizações responsáveis”(FRANKL,1985, p. 119).

“que significa a psicoterapia através de um sentido da vida e se afirma principalmente após o seu experimentum crucial nos campos de concentração” (GOMES,1987, p.11),


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