GRIÔ MÃE DE SANTO: NARRATIVAS ORAIS, “PERFORMANCE TRANSPORTADA ” E METAMORFOSE DO CORPO

Resumo

Trata-se de uma análise teórico-crítica sobre as narrativas orais veiculados nos terreiros de Candomblé e a metamorfose do corpo da griôs mãe de santo no ato da “performance transportada” (SCHECHNER, apud LIGIÉRO, 1999), em consonância com os elementos da memória presentes no corpus dessa poética vocal e gestual, possibilitados pela evocação performática dos atores sociais a partir do ato de rememoração dos textos veiculados, com vistas aos dados formadores da identidade local. Objetiva-se analisar a forma como essas griôs proferem oralmente as os registros da memória, no intuito de desvelar as simbologias, as representações das vivências de um povo, em cuja memória culmina na aquisição da identidade. No conjunto das memórias, conserva-se a representação identitária, no qual se instalam as descrições locais, que abarcam os dados da cultura do povo de santo, o ambiente e as “práticas cotidianas” (CERTEAU, 1994), ressalvando os aspectos culturais e históricos dos antepassados. Nesse sentido, as “performances cotidianas e artísticas” (SCHECHNER, 2003) das mães de santo, ao narrarem, dançarem, cantarem e invocarem orixás, “decretam padrões conhecidos de comportamentos e textos” (SCHECHNER, apud LIGIÉRO, 1999, p.58) para apresentarem a sucessão de episódios, as preces reverenciais, as solicitações e os cânticos. Para a discussão dos conceitos teóricos, toma-se a discussão da “invenção do cotidiano” (CERTEAU, 1996), costumes do “povo de santo” (PÓVOAS, 2010), a “performance” (SCHECHNER, 2003; ZUMTHOR, 1993), as “questões identitárias” (CANDAU, 2012; HALL, 2009); a memória (BOSI, 2003; HALBWACS, 2004; LE GOFF, 1988); e as narrativas orais (ZUMTHOR, 1993, 2007). Com base nessas discussões teóricas, este estudo colaborará para a valorização da narrativa e da performance por meio da discussão de dados da memória e da história.

Palavras-chave: memória; identidade; oralidade; performance.