Resumo
Georges Perec tem uma leitura muito particular da frase célebre de René Descartes: “Eu me lembro, logo existo”. Com esta afirmação, ele posiciona a importância da memória para a formação do homem. É preciso que tenhamos lembranças para entendermos de que somos feitos. Marcel Proust acreditava que o trabalho da memória era o de construir fundações duráveis no meio das ondas. O trabalho parece mesmo difícil. Mais ainda se pensarmos que a memória, por si só, já é um sistema complexo que trabalha em rede, que abre as mais variadas janelas e que devemos acessar várias vezes durante o dia. O fato é que, atualmente, temos a impressão de que cada dia vivido leva com ele lembranças irrecuperáveis, perdidas.