LINGUAGEM E COGNIÇÃO: PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DE SENTIDO EM NARRATIVAS

Giezi Alves Oliveira

Resumo


O processo de compreensão de narrativas envolve diversos fatores, dentre eles o acionamento de sentidos por meio de inferências, analogias, referencias e representações mentais, evocados por pistas linguísticas presentes em construções discursivas convencionalizadas. Essa convencionalidade é fruto da capacidade cognitiva do ser humano de criar categorias discursivas e linguísticas que nos ajudam a ativar e acionar os significados a partir de textos, sejam eles orais ou escritos, ficcionais ou não. Este trabalho pretende discutir o processo de construção e compreensão de narrativas, com base nos pressupostos da Linguística Cognitiva, na teoria dos Frames (FILLMORE, 1976, 1977, 1982; LAKOFF, 2008), na Simulação Mental (Barsalou, 1999) e nos Modelos Situacionais (ZWAAN, 1999). Para isso, analisamos a fábula A Reunião Geral do Ratos de Esopo e trechos do romance Macunaíma de Mário de Andrade. Desse modo, acreditamos que este trabalho possa contribuir para os estudos cognitivistas acerca da compreensão de narrativas.

Texto completo:

PDF

Referências


ANDRADE, M. Macunaíma o herói sem nenhum caráter, Rio de Janeiro AGIR EDITORA LTDA, Ed. 2007.

BARSALOU, L. W. Perceptual symbol systems. Behavioral and Brain Sciences, 22, 577–660, 1999.

_______________. Language comprehension: Archival memory or preparation for situated action. Discourse Processes, 28, 61–80, 1999.

BERGEN, B. K. Mental simulation in literal and figurative language. In Seana Coulson and Barbara Lewandowska-Tomaszczyk (eds.) The Literal/Non-Literal Distinction, 2007.

BERGEN, B.K. e CHANG, N. Embodied Construction Grammar in simulation-based language understanding. In J.-O. Östman and M. Fried (eds.), Construction Grammar(s): Cognitive and Cross-Language Dimensions. Johns Benjamins, 2005.

DUQUE, P. H. e COSTA, M. A. Linguística Cognitiva: em busca de uma arquitetura de linguagem compatível com modelos de armazenamento e categorização de experiências. Natal: EDUFRN, 2012.

DUQUE, P. H. Linguagem e Cognição: Mistérios da Mente Corporificada. Disponível em: http://cognicaoelinguagem.wordpress.com acessado em 10/03/2012, às 18:30.

FILLMORE, Charles. Frame semantics and the nature of language. In: HARNARD, Steven R.; STEKLIS, Horst D.; LANCASTER, Jane. (eds.) Origins and evolution of language and speech. Nova York: New York Academy of Sciences, 1976.

FILLMORE, Charles. Scenes-and-frames Semantics. In ZAMPOLLI, Antonio (ed.) Linguistic Structure Processing, 55 – 82. Amsterdam: North Holland Publishing Company, 1977.

FILLMORE, Charles. Frame semantics. In Linguistics in the Morning Calm, ed. by The Linguistic Society of Korea,111-137. Soeul: Hanshin, 1982.

GALLESE V., FADIGA L., FOGASSI L., RIZZOLATTI G. Action recognition in the premotor cortex. Brain 119 (2):593-609, 1996.

GIBBS, R. W. Embodiment and Cognitive Science. Cambridge University Press, 2005.

GOLDBERG, A. Constructions: a construction grammar approach to argument structure Chicago: University of Chicago Press, 1995.

JOHNSON, M. The body in the mind: The bodily basis of meaning, imagination, and reason. Chicago: University of Chicago Press, 1987.

JOHNSON, M. The Meaning of the body: Aesthetics of Human Understanding. Chicago: University of Chicago Press, 2007.

JOHNSON-LAIRD, P.N. Mental Models: Toward a Cognitive Science of Language, Inference and Consciousness. Harvard University Press, 1983.

KINTSHC, W. e VAN DJIK, T.A. Toward a model of, text comprehension and production. Pysichol. Rev. 85, 363-394, 1978.

LAKOFF, G. Women, fire, and dangerous things: what categories reveal about the mind. Chicago: The University of Chicago Press, 1987.

__________. The Political Mind: A Cognitive Scientist’s Guide to your Brain and Politics. Penguin, 2008.

LAKOFF, G; JOHNSON, M. Philosophy in the flesh: the embodied mind and its challenge to western thought1. New York: Basic Books, 1999.

MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In DIONÍSIO, Â. et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002.

MINSKY, M. A. Framework for representing knowledge. In the: Psychology of Computer Vision, P. Winston, ed. McGraw-Hill, New York, 1975.

MORATO, Edwiges. A noção de frame no contexto neurolinguístico: o que ela é capaz de explicar? Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Letras e cognição, 41: 93-113, 2010.

OLIVEIRA, G. A. Processos Cognitivos que Operam na Configuração de Narrativas: uma pesquisa exploratória dos fenômenos que subjazem à compreensão de textos. Dissertação de mestrado. Natal: UFRN, 2012.

_____________. O Processo de Construção de Sentido Em Narrativas: da Teoria Neural da Linguagem à Semântica da Simulação. In: Anais do 25ª Jornada Nacional do Grupo de Estudos Linguísticos e Literários do Nordeste, 2014, Natal. Anais da XXV Jornada Nacional do GEL NE. NATAL: EDUFRN, 2014. p. 01-11.

ÖSTMAN, J. Coherence through understanding through discourse patterns: Focus on news reports. In: Wolfram Bublitz, Uta Lenk and Eija Ventola (eds.). Coherence in Spoken and Written Discourse. How to Create it and how to Describe it. Selected Papers from the International Workshop on Coherence, Augsburg, 24-27 April 1997. (Pragmatics & Beyond New Series 63). Amsterdam/Philadelphia: Benjamins, 1999. P. 77-100.

PETRUCK, Miriam R. L. Frame Semantics. In JAN-OLA ÖSTMAN, Jan; VERSCHUEREN, Chris; BLOMMAERT, Jan (eds.) Handbook of Pragmatics. Amsterdam & Philadelphia: John Benjamins, 1996.

RIZZOLATTI G., WOLPERT D.M. Motor systems. Curr Opin Neurobiol. 15(6):623-625, 2005.

STEEN, FRANCIS F. The Paradox of Narrative Thinking. Journal of Cultural and Evolutionary Psychology 3. 1: 87-105. 2005.

TURNER, Mark. The literary mind: The Origins of Thought and Language. Oxford: Oxford Unversity Press, 1996.

ZWAAN, R. A. Situation Models: The mental leap into imagined worlds. American psychological Society. Florida: Blackwell Publishers, 1999.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.