ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA E BLINDNESS: UM DIÁLOGO INTERSEMIÓTICO

Hudson Marques da Silva

Resumo


Este trabalho trata de uma análise literária comparativa entre o romance Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, e sua tradução intersemiótica Blindness, de Fernando Meirelles. Para tanto, como procedimento teórico-metodológico, serão utilizadas teorias semióticas, com enfoque na tríade peirceana, que servirá de base para a interpretação da alegoria da cegueira, além de outros teóricos que possibilitam uma abordagem intercultural mais ampla para uma compreensão do indivíduo moderno representado na trama, a exemplo de Benjamin (1997), Bougnoux (1994), Coelho (2006) e Furtado (2002). Conclui-se que a cegueira metaforiza a dificuldade de um verdadeiro “enxergar” do homem moderno, que, com um modelo de vida apressado, repleto de excessos, incluindo o abuso imagético, a insensibilidade, fortemente demarcados nas grandes cidades, torna-se incapaz de “reparar” o seu entorno; ficando seu “olhar” limitado ao nível de primeiridade. A cegueira branca força-o a “reparar”, a ampliar seu olhar aos níveis de secundidade e terceiridade. Portanto, a cegueira branca emerge como processo de conscientização que culminará na lucidez.


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Referências


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